segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

OS LIVROS QUE MARCARAM MINHA VIDA




        Recentemente, os amigos do Facebook resolveram aderir a uma brincadeira muito válida e, na minha opinião, divertida: listar os dez livros que, de algum modo, marcaram sua vida. Em todas as postagens, as pessoas afirmam ser muito difícil escolher apenas dez, já que cada bom livro lido acaba tendo um papel importantíssimo na vida de um leitor apaixonado. Para mim, também foi complicado escolher, até porque, nos últimos tempos, tenho lido um livro bom atrás do outro. Então, resolvi escrever sobre aqueles livros que viverão para sempre no meu coração; aquelas obras que, em diversas situações cotidianas, se fazem lembrar com seus personagens cativantes, situações inesquecíveis e o estilo incomparável de seus autores. Nada que eu escreva aqui fará jus a o que eu sinto por essas histórias - que eu já considero minhas, por terem sido responsáveis pela minha paixão e dedicação à literatura. Também me pareceu bem difícil explicar porque gosto tanto delas, assim como é difícil para um ser humano explicar e entender a própria personalidade. Só sei que algo aconteceu quando li esses livros, e algo novo acontece sempre que os releio. Por isso os indico e espero que façam a diferença na vida de outras pessoas.


O Mundo de Sofia , de Jostein Gaarder
        
     O estilo incomparável do autor me cativou desde o 1º capítulo desse livro maravilhoso. O romance conta a história de Sofia que, às vésperas de seu aniversário de 15 anos, começa a receber misteriosas cartas contendo questionamentos e ensinamentos filosóficos e, apesar de ser classificado como literatura infanto-juvenil, é indicado para seres humanos curiosos e questionadores de todas as idades. Além de nos apresentar um pouco sobre os principais filósofos e épocas que marcaram a história da filosofia, somos envolvidos por uma história diferenciada e misteriosa que acabou por fazer de Jostein Gaarder um dos meus autores favoritos.



Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll

A personagem feminina mais curiosa e peculiar da história da literatura é apenas uma criança. E não poderia ser diferente; o caráter questionador de Alice é típico dessa fase da vida, e Lewis Carroll - pseudônimo do professor Charles Lutwidge Dodgson – a insere em um mundo mágico e nonsense. Me apaixonei e me identifiquei com a personalidade cativante da personagem principal, dei risada das brincadeiras linguísticas presentes na obra, senti arrepios em algumas passagens um tanto estranhas e me emocionei com personagens tão melancólicos e de cunho filosófico. O principal motivo de eu amar Alice no País das Maravilhas? Eu queria estar lá!


As Luzes de Setembro, de Carlos Ruiz Zafón
        
       Perfeição define. Enredo diferente de tudo o que eu já li, personagens complexos e bem desenvolvidos e o estilo ímpar de Zafón definem essa obra prima da literatura contemporânea. Li no início desse mês e ainda estou me perguntando como o autor conseguiu, em apenas 232 páginas, criar uma história tão completa. Eu, que não perco o sono nem com o mais macabro filme de terror, fiquei extremamente perturbada por essa história melancólica e, sim, sinistra. Se quiserem saber mais sobre o livro, leiam a resenha que eu escrevi aqui.





Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, de J. K. Rowling
          
       Estou lendo o último livro dessa série maravilhosa e já sinto que jamais conseguirei esquecê-la. A saga do bruxinho mais querido e corajoso do mundo é um universo à parte, e Rowling escreve tão bem que me fez acreditar que Hogwarts existe em algum lugar. Escolhi o 3º livro da saga porque foi o que mais despertou emoções em mim: medo, tristeza, felicidade, surpresa, raiva e esperança. Eu diria que obsessão também, pois li super rápido... E nada jamais superará as minhas descobertas sobre Sirius Black – um dos meus personagens favoritos da literatura.





A Menina que Roubava Livros, de Markus Zusak
         
      Comecei a ler. E parei. Comecei a ler novamente. E, novamente, parei. Na terceira tentativa, eu persisti e acabei me apaixonando pela história de Liesel Meminger, a menina que roubava livros. O autor escreve maravilhosamente bem e de uma forma diferenciada, e a história, que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, fez muitos leitores chorarem. Histórias que mostram momentos tão terríveis da história nos tocam de modo diferente, pois nos fazem sentir que uma pessoa foi realmente capaz de fazer algo tão desumano com um igual. É uma obra cruel, triste e, ao mesmo tempo, linda – e essa terceira característica se deve à capacidade de Liesel em encontrar refúgio nas palavras em uma época tão difícil. O livro pode ser cansativo no início, mas vale a pena continuar. Sem contar que, quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler.


Clarissa, de Érico Veríssimo
         
       Esse livro é tão lindo e simples e fica difícil descrevê-lo. Clarissa é uma menina do interior que mora em Porto Alegre, na pensão da tia, e é através do olhar dessa personagem que Érico Veríssimo – um dos meus autores favoritos – nos mostra algumas características da sociedade da época. Adoro essa história, pois Clarissa tem uma visão tão inocente e otimista da vida, enquanto Amaro – hóspede da pensão e meu personagem favorito do livro – é o oposto: um homem marcado pela solidão e desilusão. A antítese desses dois personagens é o que mais enriquece a obra e faz com que esse livro seja o meu favorito do autor.




É tarde para saber, de Josué Guimarães
          
      Eu adoro esse título e, por causa dele, fui atraída para o livro, que nos mostra o romance de dois jovens adolescentes na época da ditadura. A história é muito bem escrita e o final é maravilhoso. Difícil escrever mais sobre esse livro... Me deixou emocionada ao final, fiquei irritada e ao mesmo tempo satisfeita. Mas fico triste de pensar que coisas assim realmente aconteceram durante o regime ditatorial.







Peter Pan, de J. M. Barrie
         
       É uma história tão rica e especial que é impossível descrever. A magia e o poder da imaginação são coisas nas quais eu sempre acreditei e esse livro me trouxe isso e muito mais. Chorei como uma criança com o final que, na minha opinião, está entre os melhores da literatura. É inevitável não se identificar com Peter Pan – o menino que não queria crescer. Afinal, quem quer crescer?










O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry
         
        A sutiliza e a universalidade são características que fazem dessa obra uma das mais amadas do mundo. Gosto dela porque faz com que eu, com minhas ideias às vezes estranhas, me sinta especial. E faz eu me sentir feliz por perceber que não sou gente grande. Não sei se isso fez algum sentido. Enfim, como não amar um livro que te faz sentir especial, coisa que poucas pessoas conseguem?









Caderno H, de Mario Quintana
          
      Quando se trata da minha relação com a literatura, não posso deixar de citar o meu poeta favorito, Mario Quintana. O poemas dele, e principalmente os que aparecem nesse livro, me fizeram amar poesia. A coletânea de frases e poemas dessa obra mescla de tal forma a simplicidade com a complexidade, que me fazem rir e chorar ao mesmo tempo. E isso só Quintana consegue fazer... 









quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As Luzes de Setembro






Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de Letras
Número de Paginas : 232




Durante o verão de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansão Cravenmoore com a esposa doente. Lazarus demonstra ser um homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecânicos que criou: objetos tão bem-feitos que parecem poder se mover por conta própria. Já Irene, fica encantada com a beleza do lugar e por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa. Os dois logo se apaixonam. Todos estão animados com a nova vida quando acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de Cravenmoore. Em As luzes de setembro, aquele mágico verão na Baía Azul será para sempre a aventura mais emocionante de suas vidas, num labirinto de amor, luzes e sombras.

  

     Zafón é, indiscutivelmente, um dos melhores escritores contemporâneos. Seu estilo é único e as temáticas de suas obras nos envolvem de tal maneira que é impossível não sentir-se parte da história.

    Em As Luzes de Setembro, nos deparamos com um enredo rico e diferenciado; os personagens principais são bem construídos, e até mesmo Irene e Ismael, o casal adolescente que tinha tudo para ser enjoativo, toca o leitor com a sutileza de seus momentos românticos e nada clichês, sem contar as personalidades tão bem definidas de ambos.

      O cenário em que o enredo se desenvolve é, sem dúvidas, um personagem à parte. Isso porque o autor é bastante descritivo, sem se tornar maçante, o que faz com que o leitor sinta-se inserido naquele ambiente. Vale destacar a mansão Cravenmoore – residência habitada por seres mecânicos, um homem recluso, uma mulher doente e solidão.

     Meu personagem favorito é, sem dúvida, o engenheiro Lazarus Jann. A melancolia, solidão e o clima de mistério que envolveu o personagem durante toda a trama combinaram perfeitamente com os mágicos e, ao mesmo tempo, assustadores brinquedos mecânicos feitos por ele. Acredito que comentar mais sobre o personagem acabaria por revelar o final do livro, mas eu poderia ficar até amanhã escrevendo sobre Lazarus, tamanha a sua complexidade.

     Achei interessante o título do livro, pois faz um contraponto com o ambiente sombrio em que se desenvolve o enredo. Embora as sombras trouxessem as trevas e a morte, havia as luzes de setembro...

O livro superou as minhas expectativas, trazendo uma história com a qual eu sempre havia sonhado, mas nunca havia encontrado. O desfecho é, sem dúvida, um dos mais bem pensados com que já me deparei. Mais uma obra-prima do mestre Zafón.   


Trecho favorito:


     Acho que também não sou mais a mesma. Algo aconteceu dentro de mim.
Vi muitas coisas que nunca pensei que pudessem acontecer... Há sombras no mundo, Ismael. Sombras muito piores do que a coisa contra a qual eu e você lutamos naquela noite em Cravenmoore. [...] Sombras que vivem dentro de cada um de nós.
Pg. 229-230