quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

As Luzes de Setembro






Autor: Carlos Ruiz Zafón
Editora: Suma de Letras
Número de Paginas : 232




Durante o verão de 1937, Simone Sauvelle fica de repente viúva e abandona Paris junto com os filhos, Irene e Dorian. Eles se mudam para uma cidadezinha no litoral da Normandia, e Simone começa a trabalhar como governanta para Lazarus Jann, um fabricante de brinquedos que mora na mansão Cravenmoore com a esposa doente. Lazarus demonstra ser um homem agradável, trata com consideração Simone e os filhos, a quem mostra os estranhos seres mecânicos que criou: objetos tão bem-feitos que parecem poder se mover por conta própria. Já Irene, fica encantada com a beleza do lugar e por Ismael, o pescador primo de Hannah, cozinheira da casa. Os dois logo se apaixonam. Todos estão animados com a nova vida quando acontecimentos macabros e estranhas aparições perturbam a harmonia de Cravenmoore. Em As luzes de setembro, aquele mágico verão na Baía Azul será para sempre a aventura mais emocionante de suas vidas, num labirinto de amor, luzes e sombras.

  

     Zafón é, indiscutivelmente, um dos melhores escritores contemporâneos. Seu estilo é único e as temáticas de suas obras nos envolvem de tal maneira que é impossível não sentir-se parte da história.

    Em As Luzes de Setembro, nos deparamos com um enredo rico e diferenciado; os personagens principais são bem construídos, e até mesmo Irene e Ismael, o casal adolescente que tinha tudo para ser enjoativo, toca o leitor com a sutileza de seus momentos românticos e nada clichês, sem contar as personalidades tão bem definidas de ambos.

      O cenário em que o enredo se desenvolve é, sem dúvidas, um personagem à parte. Isso porque o autor é bastante descritivo, sem se tornar maçante, o que faz com que o leitor sinta-se inserido naquele ambiente. Vale destacar a mansão Cravenmoore – residência habitada por seres mecânicos, um homem recluso, uma mulher doente e solidão.

     Meu personagem favorito é, sem dúvida, o engenheiro Lazarus Jann. A melancolia, solidão e o clima de mistério que envolveu o personagem durante toda a trama combinaram perfeitamente com os mágicos e, ao mesmo tempo, assustadores brinquedos mecânicos feitos por ele. Acredito que comentar mais sobre o personagem acabaria por revelar o final do livro, mas eu poderia ficar até amanhã escrevendo sobre Lazarus, tamanha a sua complexidade.

     Achei interessante o título do livro, pois faz um contraponto com o ambiente sombrio em que se desenvolve o enredo. Embora as sombras trouxessem as trevas e a morte, havia as luzes de setembro...

O livro superou as minhas expectativas, trazendo uma história com a qual eu sempre havia sonhado, mas nunca havia encontrado. O desfecho é, sem dúvida, um dos mais bem pensados com que já me deparei. Mais uma obra-prima do mestre Zafón.   


Trecho favorito:


     Acho que também não sou mais a mesma. Algo aconteceu dentro de mim.
Vi muitas coisas que nunca pensei que pudessem acontecer... Há sombras no mundo, Ismael. Sombras muito piores do que a coisa contra a qual eu e você lutamos naquela noite em Cravenmoore. [...] Sombras que vivem dentro de cada um de nós.
Pg. 229-230













2 comentários:

  1. Já li esse livro e também gostei do seu estilo sombrio e mágico. Zafón é um dos meus autores preferidos.
    Gostei muito da resenha, parabéns.

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    1. Oi, Eva! Também adoro o Zafón, o estilo dele é ímpar! Que bom que gostou da resenha, obrigada!

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