Olá, pessoas!
Não sei nem por onde começar quando
se trata de Percy Jackson. Minha relação com a série é feita de tantos altos e
baixos que sinto um pouco de dificuldade em escrever sobre ela sem parecer
incoerente. Antes, quero avisar que nada nessa resenha pode ser considerado spoiler, pois todas as informações aparecem no início da história. E me desculpem pelo tamanho da resenha, mas não consegui escrever menos do que isso. Então, vamos lá.
Autor: Rick Riordan
Editora: Intrínseca
Mesmo quem não leu os livros já
ouviu falar do que se trata a saga de Percy. Vou tentar resumir, da forma mais
sucinta possível, uma história que durou cinco livros e, sim, me deixou
cansada.
No primeiro livro da série, O ladrão de raios, somos apresentados a Percy
Jackson, um menino considerado problemático por sempre conseguir a proeza de
ser expulso das escolas que frequenta.
Ele foi diagnosticado com dislexia e
déficit de atenção, o que faz com que ele se sinta diferente dos outros meninos
da sua idade. Acontece que
Percy é muito mais especial do que imagina, pois descobre ser filho de Poseidon,
o deus grego dos mares. O deus havia quebrado uma promessa feita entre ele e
seus dois irmãos, Zeus e Hades, de não ter mais filhos com mortais, o que
resultou no garoto principal da nossa saga, que vem a ser um semideus - metade mortal, metade deus. Admito que a
reação de Percy ao fato de deuses gregos realmente existirem é meio forçada –
ele é atacado pela professora de matemática, descobre que seu amigo é um sátiro
e seu professor, um centauro, e de repente já está de boa derrotando um
Minotauro. Certo, o déficit de atenção é justificável devido a essa capacidade
inata de combate e, por isso, ele derrotou o monstro. Mesmo assim, achei esse
início meio duvidoso, mas de forma alguma afasta o interesse do leitor. Assim,
Percy vai para o Acampamento Meio-Sangue, centro de treinamento dos semideuses. A aventura de Percy e seus amigos, Annabeth e Grover, ao tentar
recuperar o raio roubado de Zeus – enredo desse primeiro livro – é envolvente e
divertida, fazendo com que o leitor sinta muita vontade de continuar a
acompanhar a jornada dos heróis.
Em O Mar de Montros, Percy, Annabeth e Tyson – um novo e encantador
personagem, partem para o Mar de Montros com a missão de encontrar o Velocino
de Ouro, objeto mágico que vai salvar a árvore de Thalia e o Acampamento
Meio-Sangue. Além disso, eles precisam resgatar o amigo, Grover, que está
prestes a se casar com um ciclope – ou ser devorado por ele. O enredo é
interessantíssimo e a ideia do Mar de Monstros é perfeita – você, com certeza,
já ouviu falar dele, só que com outro nome. É nesse livro que me deparei com
uma das minhas passagens favoritas de toda a saga: o capítulo da Ilha das Sereias.
Ele é emocionante, profundo e cheio de significado para a série.
A Maldição do Titã é um livro bastante rico em personagens e enredo
e arrisco dizer que é o segundo mais bem escrito da saga. Nele, conhecemos
vários personagens novos, como Bianca e Nico di Ângelo (meu personagem favorito
de toda a saga), Zoe Doce-Amarga e as Caçadoras e Rachel Elizabeth Dare – todos muito mais interessantes do que qualquer outro até esse momento da
série (na minha humilde opinião, claro). Nesse terceiro livro, o protagonista,
juntamente com seus amigos, tem como objetivo resgatar a deusa da caça Ártemis,
sequestrada por um dos aliados de Cronos – titã resgatado das profundezas do
Tártato e que pretende retomar seu poder e destruir o Olimpo. Acredito que esse
tenha sido o livro com menos clichês e acontecimentos mais intensos.
Meu livro favorito da saga é o
quarto, A Batalha do Labirinto, cujo
enredo me surpreendeu. A história é focada no labirinto de Dédalo, que
possui uma entrada para o acampamento meio-sangue e, portanto, é alvo do
interesse de Cronos e seus aliados, que planejam invadir o acampamento. Esse
livro resgata belíssimas histórias mitológicas, como o vôo de Ícaro, o amor
de Teseu e Ariadne, o mito de Calipso e o próprio labirinto de Dédalo. Achei
realmente que a história foi muito melhor desenvolvida nesse livro do que nos
outros, pois cada elemento da mitologia foi incorporado à história de maneira
muito mais natural.
O último livro da saga, O Último Olimpiano, foi o mais
decepcionante pra mim. A jornada de Percy para derrotar Cronos e salvar toda a
civilização de mortais e deuses se tornou cansativa e repetitiva nessa última
parte. Por esse motivo, acabei me cansando dos personagens nesse livro. Eu até
consegui me emocionar em alguns momentos, mas isso não compensou a enrolação e
o final da saga não foi impressionante como deveria ser.
Quando se trata de personagens,
acredito que Rick Riordan soube desenvolvê-los muito bem. Ao longo dos cinco
livros, o leitor vai percebendo características consistentes com a
personalidade de todos eles. De todos os personagens, Nico di Ângelo foi o mais
bem caracterizado e também o que mais passou por mudanças desde que apareceu
pela primeira vez. A personalidade de Nico foi muito condizente com suas
origens, e fiquei feliz com o destaque que ele recebeu no quarto livro.
O enredo peca em vários momentos,
seja pelas situações clichês, as resoluções previsíveis ou acontecimentos
inconsistentes. Mas, mesmo com algumas falhas, o autor consegue desenvolver uma
história interessante e introduzir a mitologia grega de forma bastante natural,
sem aquele aspecto paradidático que alguns livros têm. Percebi que algumas
pessoas ficaram indignadas com a forma como o autor adaptou alguns mitos para introduzi-los
na história, mas não vejo motivo para achar isso ruim. O objetivo do livro é
envolver e emocionar o leitor, como toda a literatura, e não ensinar mitologia.
Acredito que, através dessa narrativa, o leitor terá a sua curiosidade pelo
assunto despertada, e não vejo como isso pode ser ruim. Foi uma estratégia
genial e única usada por Rick Riordan.
A linguagem usada é acessível e
as expressões são bem infanto-juvenis. O humor está sempre presente, e até as
piadas feitas pelos personagens são, por vezes, bem infantis (e falo isso não
no sentido pejorativo, pois não há nada de errado com piadas assim, já que o
público alvo é o infanto-juvenil).
Mesmo sendo destinado às crianças e jovens, é impossível que qualquer tipo de leitor, independentemente da faixa etária, não se
apaixone por Percy Jackson, por mais irritante que ele seja às vezes. Mesmo
com um final que não me agradou, posso dizer que o autor foi feliz em criar uma
saga repleta de aventura e ainda mostrar aos jovens (e adultos) como a mitologia
grega traz belas histórias a serem exploradas.
TRECHO FAVORITO:
Precisam dizer a todos que encontrarem: se quiserem achar Pã, aceitem o
espírito de Pã. Reconstruam o mundo selvagem, um pouco de cada vez, cada um
em seu canto do globo. Não podem esperar que ninguém mais, nem mesmo um deus,
faça isso por vocês.
A Batalha do Labirinto, p. 323
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Espero que tenham gostado da resenha! Quero saber a opinião de vocês sobre essa saga, então, não esqueçam de me contar nos comentários!
Abraços e até mais!
Abraços e até mais!